terça-feira, 6 de setembro de 2011

Complexo do Alemão: violentar o negro e o pobre é fácil!

Por Flávio Azevedo - Reflexões

Quem não se lembra dos bandidos que fugiam como ratos do Morro do Alemão, no Rio de Janeiro? O marqueteiro, digo, governador Sérgio Cabral (PMDB) deitou e rolou nessas imagens para se vender para o mundo como um bom garoto! Ele aproveitou a ocasião para expandir a ideia de que o crime estava sendo combatido e que o submundo estava sob controle! Ledo engano! Hoje (06/09/2011), tiros foram ouvidos no até então “pacificado” complexo de favelas!

Mas o que aconteceu?

Penso que é muito fácil perseguir favelados pobres com blindados e forças militares! Usar truculência contra pessoas humildes (estejam elas a serviço do bem ou do mal), também não é difícil! Mais fácil ainda é criminalizar as pessoas que moram nessas localidades e excluí-las da vida real e do convívio da “Cidade Maravilhosa”. Colocar paredes acrílicas em trechos da Linha Vermelha, para esconder a favela e dar aos visitantes a ideia de profilaxia social, também foi um golpe de mestre!

Alguém deveria lembrar ao chefe do Executivo Fluminense que ele se mostraria muito mais preocupado com o estado do Rio de Janeiro se empregasse a tradicional truculência militar e os veículos blindados para invadir o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCERJ) e a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), onde sabidamente estão muitos dos verdadeiros responsáveis pela criminalidade fluminense!

As localidades foram ocupadas pelas Unidades de Polícia Pacificadoras (UPP), mas o próximo passo, que seria a ocupação com escolas, empregos, qualificação, saúde, bem-estar e, sobretudo dignidade, não aconteceu! E os bandidos e traficantes? O que aconteceu com eles? Viraram padres e pastores? Trocaram o AR-15 pela colher de pedreiro? Pararam de vender drogas e estão vendendo picolé na praia?

Como disse o fictício tenente coronel, Nascimento no filme “Tropa de Elite II”, “o sistema entrega a mão para salvar o braço... O sistema se reorganiza, articula novos interesses... Cria novas lideranças. Enquanto as condições de existência do sistema estiverem aí, ele vai resistir! Agora me responde uma coisa: quem você acha que sustenta tudo isso? É... E custa caro... Muito caro! O sistema é muito maior do que eu pensava! Não é a toa que os traficantes, os policiais, os milicianos matam tanta gente nas favelas! Não é a toa que existem as favelas! Não é a toa que acontece tanto escândalo em Brasília, que entra governo e sai governo e a corrupção continua... Para mudar as coisas... Vai demorar muito tempo. O sistema é foda! Ainda vai morrer muito inocente!”.

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