quinta-feira, 7 de julho de 2011

Igualdade desigual!

Por Flávio Azevedo - Reflexões

O decreto que reserva 20% das vagas para negros e índios em concursos públicos no estado do Rio de Janeiro, assinado pelo governador Sérgio Cabral, ontem, entra em vigor hoje. Os candidatos deverão se declarar negros ou índios no momento da inscrição no concurso. Num país cheio de mestiços, quem garante que é negro, índio, branco ou amarelo?

E quando eu declaro que sou negro? Muita gente fica achando que eu estou de sacanagem! A minha bisavó materna era cabocla, o marido dela um semi-alemão. Já a minha trisavó (o nome é esse? rsrsrs) paterna, era uma negra filha de escravos que casou com um alemão. Qual a minha cor? Sou branco (até de mais)... Mas que significa aquele monte de pintinhas espalhadas no meu corpo?

Como corrigir a “igualdade desigual” de um país onde as pessoas buscam exatamente ser desiguais?

Como corrigir deformidades sociais, quando todos estão a todo tempo em busca de privilégios?

Como fazer investimentos em Saúde, Educação, Cultu...ra, Esporte, Lazer, Segurança, Emprego e Geração de Renda, se eu preciso que o pobre fique na minha porta pedindo favor?

Como acreditar que teremos políticos diferentes, se a prioridade das eleitores é “aproveitar a política” para ganhar tijolos, areia, cimento, lipoaspiração, gasolina, entre outras coisas?

Como esperar políticos melhores, se a cada dia aumenta o número de candidatos pensando apenas em fazer o pé de meia?


Esse assunto deveria dominar as conversas, de trabalho e de família; os papos, de botequins e de campo de futebol; os chás, entre senhoras; os cafés, entre senhores; os púlpitos, evangélicos e católicos; as tribunas, assembleias e parlamentos; entre outros lugares!

Um comentário:

  1. Vejo as cotas como algo positivo, por mais que todos nos saibamos que fazer distinção entre raças é descriminar, sabemos também que a maior parte da população pobre é constituída por pessoas negras e índios entre outras misturas que seriam minoria, tendo isto em vista, eu vejo como uma oportunidade a esta parte da população de conseguir o seu lugar e tentar crescer financeiramente e intelectualmente. Não vejo como algo negativo, vejo como algo positivo, estamos juntos Cabral.

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