segunda-feira, 14 de março de 2011

Vergonha na Câmara de Vereadores de Rio Bonito


No último dia 1º, meia hora antes do início da novela das seis, uma plateia ávida por enredos repletos de intrigas e reviravoltas lota o auditório do plenário Zely Miranda, na Câmara Municipal de Rio Bonito. Era grande a expectativa entre os moradores para saber quem assumiria a presidência da Casa. Nas duas semanas anteriores, o Legislativo convivera com dois presidentes, nomeados em duas eleições diferentes, depois que os dez vereadores se dividiram – a fogo e ferro – em dois grupos.
– Está difícil saber a quem obedecer – brincou um funcionário da Câmara.
Uma decisão da Justiça na véspera, suspendendo o conturbado processo eleitoral, levava a crer que, finalmente, os "nobres pares" chegariam a um consenso. Por isso, a expectativa. Mas, ao fim de uma hora de discussões, farpas e até xingamentos (leves, mas xingamentos), os "nobres colegas" surpreenderam de novo. Em que pese a decisão judicial, a sessão acabou como começara: com dois presidentes eleitos.

A intrincada trama política começou a se formar em 16 de novembro, data em que foi aprovada, no plenário, uma resolução adiando as eleições. Em vez do dia 16, elas aconteceriam no dia 30. Todos os vereadores concordaram. Então, tudo bem? Não.
– O grupo do Humberto fraudou a resolução – diz o vereador Marcus Botelho (PR), referindo-se ao artigo que previa o prazo de inscrições das chapas.
– A resolução não alterou a data de apresentação das chapas. Continuou dia 16. Eu apresentei a minha no dia 16, e eles, depois. Só a minha pôde concorrer – diz Humberto, que era querido pela minoria.

O que aconteceu depois do dia 16 foi uma sucessão de expedientes em busca da cobiçada cadeira. Primeiro, o grupo dos sete vereadores – que apoiava Marcus – boicotou as sessões para que, assim, a eleição com chapa única não ocorresse. Mas, em 14 de dezembro, a nova Mesa Diretora foi escolhida, depois que o até então presidente Fernando Soares (PMN) convocou dois suplentes para participarem do pleito. Humberto foi eleito.

No dia 25 de janeiro, o contragolpe. Com a Câmara em recesso, “o grupo dos sete (foto)” se reuniu na sala do vice-prefeito da cidade – embora o Executivo venha se dizendo neutro – e elegeu a gestão paralela: desta vez, Botelho foi aclamado. Resultado: de 15 de fevereiro, quando a Casa voltou do recesso, até o dia 1º de março, a Câmara vem presenciando não uma, mas duas sessões legislativas diárias. Uma no plenário, conduzida por Humberto; e a outra, com Botelho, na sala de reuniões.
– O que mais surpreende é que o Humberto e o Marcus dividiram o mesmo palanque na eleição para vereador – diz um político local.

Nas ruas, a briga não está pegando nada bem:
– É tanta baixaria que dá vergonha – diz o empresário Marcelo Cardoso, de 42 anos.

Fonte: jornal Extra

Confira o vídeo: http://extra.globo.com/noticias/rio/camara-de-rio-bonito-seus-dois-presidentes-1270995.html

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