quarta-feira, 9 de março de 2011

213 mortes em cinco dias de Carnaval, apenas em Rodovias Federais

Por Flávio Azevedo - Reflexões

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou no último dia 10 de março (quinta-feira) que 213 pessoas morreram nas estradas federais do país durante o carnaval. O número é superior ao do ano passado. Em 2010, houve 143 mortes durante o período do carnaval. O número de mortes em relação ao ano passado aumentou 47,9%. Foram 4.165 acidentes, com 2.441 feridos e 213 mortos.

Na terça-feira, a PRF realizou 6.356 testes de alcoolemia (bafômetro) e em 204 deles o resultado foi positivo para o consumo de bebida alcoólica (isso é novidade?). Com isso, 90 pessoas foram presas por embriaguez. Ao todo, foram fiscalizados 29.857 pessoas e veículos ao longo de 66 mil quilômetros de rodovias federais que cortam o país.

Durante a operação da terça-feira, a Polícia Rodoviária Federal prendeu 145 pessoas em flagrante por crimes diversos (se essas fiscalizações não fossem uma farsa, o número de presos seria muito maior!).

Acredito que não há um brasileiro que não esteja impressionado com esta estatística. O Carnaval de 2011, sem dúvida, é um dos mais violentos dos últimos tempos. Que absurdo! Em apenas 5 dias, 213 mortes. Se um avião tivesse caído e 213 pessoas tivessem morrido, todos estavam desesperados, mas como a morte foi no trânsito, ninguém presta a devida atenção.

As causas e desculpas para essas ocorrências são manjadas e repetidas. A falta de manutenção das estradas – um válido argumento –, tornou-se, ao longo dos anos, um assunto repetitivo que usamos para mascarar conhecidas marcas dos motoristas brasileiros: imprudência, inconseqüência e imperícia. Embora admitir esse comportamento seja difícil – nosso hábito é enxergar apenas os defeitos alheios –, posso assegurar que nós agimos assim. Mesmo aquele motorista mais comedido já teve o seu “Dia de Fúria” ao volante.

Aliás, sem querer escandalizar os nossos leitores, concluí que pelo grau de irresponsabilidade que demonstramos nas estradas, as mortes são poucas. Para aqueles que discordam das observações aqui contidas, eu gostaria de convidá-los a fazer uma rápida viagem de Rio Bonito até Silva Jardim. Nos 33 quilômetros, que nos separam do município vizinho, a quantidade de absurdos que presenciamos e praticamos é tão grande, que eu às vezes penso que não irei mais regressar para os meus entes queridos.

Conversando com uma amiga sobre esse tema, ela me disse: “Flávio, eu tenho Carteira de Motorista, mas não sei como consegui. Aliás, eu não sei quem foi o maluco que achou que eu posso dirigir. Eu sou um desastre no volante e consciente disso, eu faço questão de andar no carona”. Já pensaram? Parabéns para a minha amiga, uma exceção a regra de irresponsáveis que perambulam pelas rodovias do nosso país.

A verdade é que a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), não é a mesma “Carteira de Motorista”. A CNH é um documento que nos autoriza conduzir um veículo. É o que nós somos, meros condutores. Agora, ser motorista é outra história, pois exige experiência, malícia, conhecimento mecânico, direção defensiva e, sobretudo, a técnica de dirigir para você e para os outros. Você pode não concordar, mas inúmeros “habilitados” por aí acreditam que a rodovia funciona como o carrinho bate-bate de um parque de diversões.

Penso que assim como outras Leis, a de trânsito poderia ser revista. As autoridades deveriam acrescentar, inclusive, o capacete como item obrigatório de segurança para os viajantes. Não tenham dúvida que o volume de mortes causadas pelo famoso e temido Traumatismo Craniano Encefálico (TCE) diminuiria sensivelmente.

A minha proposta é que o assunto Trânsito seja incluído na grade curricular das escolas. O assunto deveria começar a ser ensinado do Ensino Fundamental até o Médio. Quando o estudante se formasse – com idade entre 16 e 18 anos –, junto com o diploma ele receberia – se aprovado, claro – a CNH. Alguém pode perguntar: antes disso ele (a) não precisa dirigir? Não, quem não tem profissão não precisa dirigir. Arrume uma boa bicicleta! Aliás, só acha essa ideia ruim, os pais inconsequentes. Quem são eles? Aqueles que pensam que moto é velocípede; e carro é carrinho de rolimãs.

Um comentário:

  1. O feriadão de Carnaval deste ano encerrou com saldo de 213 mortes causadas por acidentes em estradas federais. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o número representa um aumento de 47,9% em relação ao Carnaval de 2010, com saldo de 143 mortes nas rodovias federais. Ainda segundo a PRF, o número de acidentes saltou 28,7% passando de 3.233 em 2010 para 4.165, em 2011.

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