sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Coordenador da Defesa Civil de Rio Bonito dá dicas de como lidar com desastres naturais

Por Flávio Azevedo

Durante o verão, por conta das fortes chuvas comuns a estação, o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil estão em alerta. O aguaceiro que desaba acima dos níveis esperados gera transtornos, prejuízos materiais e, às vezes, a morte daqueles que vivem em áreas de risco. O coordenador da Defesa Civil de Rio Bonito, o major do Corpo de Bombeiros, Márcio Garcia, demonstra preocupação com os fatores climáticos e afirma que “a degradação do Meio Ambiente é o grande responsável pelos seguidos desastres naturais que estão acontecendo em todo mundo”.
– Não é só em Rio Bonito ou no Brasil que estão acontecendo esses fenômenos. Em todo o planeta, seja em países ricos ou pobres, desenvolvidos ou não, os desastres estão acontecendo em maiores proporções. Na verdade, tudo não passa de reações da natureza à ação destruidora do homem – analisa.

As perspectivas do coordenador são pessimistas para o futuro. De acordo com ele, por conta das mudanças climáticas, esses fenômenos, “que eram mais raros antigamente”, tendem a acontecer com maior frequência. “O que a sociedade precisa fazer é se preparar para enfrentar essa realidade. Uma das nossas constantes perguntas deveria ser: será que estou vivendo em um local seguro? Essa seria uma preocupação é importante”, frisa Garcia. Para ele, os culpados por esses eventos não são os governos (municipal, estadual e federal), mas a sociedade “que destrói o Meio Ambiente”.

Cuidados

Diante deste cenário, o coordenador da Defesa Civil de Rio Bonito, município que tem sofrido com alagamentos, enchentes, enxurradas e onde em 2008, um deslizamento de terra soterrou várias casas e causou duas mortes, dá algumas dicas do que deve ser feito por quem mora em áreas de risco.

– Se o imóvel está interditado, e a pessoa permanece, ela sabe que está pondo a vida em risco. Algumas pessoas, porém, desconhecem o perigo eminente. Já existem outros casos onde a pessoa desconfia do imóvel, do terreno... E quando isso acontece, a orientação é que esse morador faça contato com a Defesa Civil, através do 199, para que a sua casa seja vistoriada, o que acontecerá no mesmo dia – alerta.
De acordo com o coordenador, no comando da Defesa Civil de Rio Bonito há pouco mais de um ano, depois das orientações preliminares, a sua equipe tira fotos do local, faz medições e prepara um relatório. “Não é um laudo técnico, que só pode ser emitido por um engenheiro ou um geólogo, mas um relatório que especifica os aspectos da área analisada”.

Preocupação

Segundo o major Garcia, o município tem características que preocupam. Além da maior parte do solo ser fragmentado e argiloso, “a declividade das encostas e o padrão de construção de vários imóveis – geralmente sem respeitar as regras mínimas de construção – torna algumas partes das áreas habitadas vulneráveis”. Ele acrescenta que “a combinação desses três fatores sempre gera sérios problemas”.
– Entre esses eventos causados por intempéries naturais, o movimento de massa, ou deslizamento de terra, pelo seu índice de mortalidade é o mais preocupante. Por exemplo: no último dia 13 de dezembro, aqui em Rio Bonito, cerca de 200 casas foram inundadas pelas águas da chuva e não houve vítimas fatais. Já em Petrópolis, no mesmo dia, três casas que foram atingidas por um deslizamento de terra causou três mortes – comparou.

Segundo o coordenador, quem mora em área de risco deve ficar atento a sinais como inclinação das árvores, postes, muros, rachaduras nas paredes, fissuras no solo e o surgimento de mina d’água. “Quando isso acontece, o terreno está sinalizando para um eminente deslizamento”, disse Garcia, ressaltando que é importante manter o barranco plantado com alguma vegetação. “Só não é recomendado, para estas encostas, o cultivo de bananeiras, por ter raízes fracas e serem vegetais pesados, o que pode provocar o deslizamento de terra. O ideal é que estas encostas sejam plantadas por acerola, laranjeiras, limoeiros, goiabeiras, pitangueiras, que tem raízes profundas e fortes”.
A canalização do fluxo da água da chuva, através de calhas artesanais ou fabricadas é outra medida importante. A calha desvia o curso da água para uma direção diferente da casa e faz um trabalho de drenagem.

Alagamentos

Fenômeno que tem se tornado corriqueiro em Rio Bonito, o alagamento causa prejuízos materiais e pode trazer sérios danos a saúde do indivíduo. A leptospirose, por exemplo, causada pela urina do rato, é uma das doenças que atingem pessoas de localidades onde acorrem alagamentos. O major Garcia afirma que a principal dica é que as pessoas não construam suas casas às margens dos rios, porque além de ser perigoso é perigoso e ilegal. “A distância varia de acordo com o porte do rio, mas geralmente a distância recomendada é de 20 metros”, calcula.
– Mas se apesar das recomendações o cidadão mora num local desses, ele deve, quando começar a chover, observar o aumento do volume de água no rio. As pessoas que moram nessas áreas também devem preparar um kit que contenha documentos, água potável, alimento não perecível e deixá-lo num local de fácil acesso – orientou.

Ao perceber que a água vai atingir a sua residência, a orientação do major Garcia é que a pessoa, antes de sair de casa, desligue a energia elétrica (o relógio); amarre o botijão de gás, para que não flutue e seja levado pela correnteza; esvazie a geladeira, colocando os produtos no alto e deixe-a aberta para não boiar. “Depois que sair de casa, a pessoa deve evitar caminhar pela água da enchente para evitar doenças ou acidentes”, disse.

De acordo com o coordenador Márcio Garcia, mais informações sobre esses e outros temas estão disponíveis no site da defesa civil de Rio Bonito, no endereço www.defesacivilriobonito.org. “Nós desenvolvemos essa ferramenta exatamente para dar esse suporte de orientação a população riobonitense”, contou o coordenador.

Um comentário:

  1. esse é o nosso major, raridade...ovelha em meio a lobos. firme amigo. vai passar e alegria virá. não há vitória sem luta.

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