quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Vereadores rejeitam criação do cargo de Agente de Trânsito

Por Flávio Azevedo

Apesar dos votos favoráveis dos vereadores Humberto Belgues (PSDB), Saulo Borges (PTB) e Márcio da Cunha Mendonça, o Marcinho Bocão (DEM), a mensagem que previa a criação dos cargos de Agente de Trânsito, que estava na Câmara Municipal, desde novembro de 2009, foi rejeitada na sessão da última terça-feira (26). O presidente do Legislativo, vereador Fernando Soares (PMN), que alegou não ter votado por ser o presidente da Casa, destacou a forma democrática e tranquila da votação. O vereador Aliézio Mendonça (PP) não compareceu.

Entre os parlamentares que contrários a mensagem, o vereador Carlos Cordeiro Neto (foto), o Caneco (PR), que já havia anunciado em sessões anteriores que votaria contra a mensagem, foi o único que durante as explicações pessoais justificou o seu voto. Ele parabenizou os guardas municipais e ressaltou que “eles mudaram a cara do município sem serem agentes de trânsito”.

– Eu prefiro muito mais lutar por salários mais justos e condições de trabalho mais dignas para os nossos guardas municipais, do que votar a favor da criação de novos guardas. O dinheiro que pagaria o salário dos novos guardas deveria ser revertido para quem já está trabalhando. Eu tomei esta decisão atendendo os clamores de muita gente de bem que é contrária a essa mensagem. Pessoas que entendem que Rio Bonito ainda não precisa de agente de trânsito, e estavam muito preocupadas – ponderou.

Já os vereadores Saulo Borges e Humberto Belgues, que sempre, em seus discursos, mostravam-se contrários a mensagem, também justificaram a posição, que, de certa forma, surpreendeu os presentes. De acordo com Saulo, “há alguns dias atrás eu vi um pai, sem capacete, carregando uma criança de aproximadamente seis anos no tanque de gasolina de uma motocicleta. Isso me sensibilizou. Embora eu seja contrário a indústria da multa, eu sou favorável a vida”.

O vereador Humberto Belgues agradeceu a presença dos guardas municipais que acompanhavam a sessão, disse que não concorda com a forma como foi a mensagem foi preparada, mas votou a favor, “pena que a mensagem não foi aprovada, mas a democracia é assim”, disse. O vereador Márcio da Cunha Mendonça, o Marcinho Bocão, defendeu a utilização de medidas coercitivas, “para que as pessoas de bem tenham condições de ir e vir em segurança”.
– Quando o ser humano é criança, os pais fazem esse papel de orientação e coerção. Se não fosse isso, talvez muitos de nós não fossemos hoje, bons elementos – disse o vereador.

Com a rejeição, o poder Executivo só poderá reapresentar o projeto no próximo ano.

Repercussão

No dia seguinte, nas ruas da cidade, algumas opiniões contundentes sobre o assunto. Para o universitário Marlon Guilherme Souza, 23 anos, morador do Centro, os vereadores perderam uma oportunidade de ouro de transformar Rio Bonito numa cidade grande. Estudante da área de Petróleo e Gás, ele afirmou que com a chegada do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, as cidades receberão impactos de várias maneiras.

Alguns pensam que apenas a UPA, a escola na Caixa D’Água e o Condomínio Industrial, que realmente são importantes, é investimento em infraestrutura. Esquecem que o ordenamento urbano e a criação de mecanismos de defesa da biodiversidade também estão neste contexto. Além do agente de trânsito, que cuidaria da preservação da vida na selva de pedra (cidade), também seria importante criar o Agente Florestal, para cuidar da Serra do Sambê, que a cada dia está sendo mais destruída – analisou.

Já a dona de casa Maria das Dores Flores, 33 anos, moradora do Bosque Clube, comemorou a decisão dos vereadores. “Para mim foi bem melhor, porque como eu não tenho carteira de moto, certamente esses guardas pegariam no meu pé. Eu sei que não estou certa, mas como eu vou ficar sem a minha moto? Eu tenho duas crianças que estudam e preciso levá-las para a escola. Além disso, a minha moto é bem mais econômica do que o carro do meu marido”, ressaltou.

O estudante Kaíque Freitas Silva, 16 anos, morador da Praça Cruzeiro, comentou que não sabia da criação dos agentes de trânsito e aprovou a rejeição da matéria. “Eu vou até dormir mais tranqüilo, porque quando a Polícia Militar faz blitz, uma vez ou outra, é uma dor de cabeça danada... Já pensou a rua cheia de guarda perturbando? Tomara que eles (os vereadores) continuem votando contra!”, concluiu.

Nota da Redação: aqueles que são contrários a criação do Agente de Trânsito deveriam conversar com os familiares da aposentada Albertina Guimarães Antunes, que morreu depois de ser atropelada por um casal de “ordeiros” motociclistas, por ocasião das comemorações da Copa do Mundo. Contudo, depois dos carros fantasmas no trevo do Rio do Ouro, no último domingo (24), concluímos que esses motociclistas também podem ser sobrenaturais, porque eles simplesmente desapareceram. Ninguém sabe... Ninguém viu!

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