quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Pesquisas, equívocos e... Mudanças?


Por Flávio Azevedo

A confirmação de que nós teremos 2º turno nas eleições presidenciais desde ano foi uma surpresa. Principalmente os institutos de pesquisa foram surpreendidos com a novidade. A ex-ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef (PT), por exemplo, contrariando o que sinalizavam as pesquisas, não conseguiu vencer no 1º turno. Mas se serve de consolo para o eleitorado petista, Dilma obteve desempenho semelhante ao do presidente Lula, em 2002, quando conseguiu, naquele 1º turno, 46,44% da preferência do eleitorado brasileiro.

Na verdade, isso me leva acreditar, que o desespero dos eleitores petistas é desnecessário. Aliás, o otimismo dos tucanos também deve morrer na praia. Mas a grande gafe dos institutos foi o fato de não terem captado (por que será?) o crescimento da senadora Marina Silva (PV), que com expressiva votação tornou-se peça importante neste inesperado 2º turno.

Ao conquistar 19,33% da preferência do eleitorado brasileiro, a candidata do Partido Verde é, de longe, o melhor terceiro colocado da disputa eleitoral desde a redemocratização do país. Marina obteve mais votos que Leonel Brizola, em 1989 (15,45%); que Enéas Carneiro, em 1994 (7,38%); que Ciro Gomes, em 1998 (10,97%), que Anthony Garotinho, em 2002 (17,86) e Heloisa Helena, em 2006 (6,85%). Penso que o seu apoio deve estar sendo barganhado a peso de ouro.

Entre os governadores se deu algo semelhante. Aliás, sem dúvida, o caso mais curioso aconteceu no Paraná. Beto Richa (foto), candidato tucano, impediu a divulgação das pesquisas porque elas estariam erradas. É lógico que a imprensa caiu de pau sobre ele. Contudo, abertas as urnas, Beto Richa venceu no 1º turno e com folga, contrariando as pesquisas. Os erros foram grosseiros!

No Rio Grande do Sul, onde a governadora Yeda Crusius (PSDB-foto) faz uma administração recheada de denúncias e desconfiança, era natural que ela fosse derrotada. Mas as pesquisas não mostravam o triunfo, no 1º turno, de Társo Genro (PT), como aconteceu. A impressão que se tem é que os institutos confiaram na tendência do povo gaúcho, que sempre levou as eleições para o 2º turno.

E as mudanças do senado? Eu não sei se o amigo sabe, mas estão fora, ícones da política anacrônica e ultrapassada do país, como Marco Maciel (DEM-PE), Artur Virgílio (PSDB-AM), Heráclito Fortes (DEM-PI), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Mão Santa (PSC-PI). Para o meu desagrado, conseguiram escapar da derrota, Garibaldi Alves (PMDB-RN) e José Agripino (DEM-RN).

Penso que o senador Agripino deve ser o político que mais exala o odor do coronelismo – depois do Sarney, é claro!

Na verdade, já estou torcendo para que na próxima eleição, em 2014, a limpeza continue, e nomes como José Sarney (PMDB-AP), Renan Calheiros (PMDB-AL), Francisco Dornelles (PP-RJ), entre outros, também sejam cassados pelo voto do povo. Nunca é demais lembrar, que Dornelles é o grande responsável pelas cinco emendas de redação que tornaram a “Lei da Ficha Limpa” uma piada.

Algumas correntes defendem, inclusive, a tese de que Dornelles teria feito as mudanças para ajudar o colega Paulo Maluf (foto), um político sério, honesto e de moral ilibada. Mas que mudanças seriam essas? Simples... Sob o argumento de unificar a redação da “Lei da Ficha Limpa”, Dornelles (foto)mudou os verbos para o futuro. O texto original, votado pelo Congresso, dizia que seriam inelegíveis os candidatos “que tenham sido condenados...”. Com a mudança, a redação passou a dizer que serão inelegíveis os candidatos “que forem condenados...”.

Como sofreu mudanças, o projeto deveria ter voltado à Câmara, mas isso nunca aconteceu. À época, com grande cara de pau, os senadores, defenderam a mudança como um mero ajuste redacional.
Conclusão: depois reclamam que personagens folclóricos como o palhaço Tiririca e o radialista Anthony Garotinho, ambos do PR, tenham recebido, de paulistas e cariocas, uma votação tão expressiva. Se o Dornelles fosse analfabeto como o nosso bravíssimo Tiririca, como dizem por aí, ele não saberia mexer no texto da “Lei da Ficha Limpa”, logo, ela estaria aprovada com a sua redação original, e o povo brasileiro, livre dos inúmeros picaretas que povoam o Congresso Nacional!

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