quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Greve dos bancários gera transtornos e indignação aos usuários riobonitenses

Por Flávio Azevedo

A greve nacional dos bancários, iniciada no último dia 29 de setembro, está gerando transtornos para a população que tem reclamado das grandes filas nos caixas eletrônicos dos bancos e nas casas lotéricas da cidade. Na última quarta-feira (6), para agravar a situação, os caixas eletrônicos estavam fora do ar, o que aumentou ainda mais o descontentamento dos usuários. Na agência do Banco do Brasil (BB), o empresário Carlos Roberto Oliveira, estava indignado com a situação. “Eu tenho 20 funcionários na minha empresa. Estou precisando fazer o pagamento, mas não estou conseguindo, porque não tenho acesso ao meu dinheiro. Não posso fazer nenhuma operação, porque além da greve o sistema está fora do ar”, desabafou.

O empresário afirmou que “sempre que tem greve, eu saco mil reais todos os dias para fazer pagamentos. Hoje, porém, com o sistema fora do ar não está sendo possível movimentar o meu dinheiro. Já estamos no dia 6 e ainda não consegui pagar os meus funcionários!”.

A funcionária pública Valdemira Zaniboni, comentou que precisava pagar um empréstimo com a própria agência (BB), mas não estava conseguindo efetuar o pagamento. “O dinheiro está aqui, mas eles não querem receber. Além da greve, os caixas eletrônicos estão fora do ar. E os juros da minha dívida, quem vai pagar?”. Outra usuária também insatisfeita disse que “estou precisando depositar uma importância, mas não estou conseguindo fazer a operação, quer dizer, vou ter que voltar par casa com dinheiro e correr o risco de ser assaltada”.

Segundo um funcionário da agência, “desde a semana passada o sistema está apresentando problemas. Ele sai do ar, volta, não sabemos o que está acontecendo”. Enquanto apurávamos a matéria, o sistema voltou a funcionar, mas não era possível fazer depósitos, o que gerou mais indignação. O contador Agnaldo Oliveira, por exemplo, comentou que os transtornos são muitos.
– Os escritórios de contabilidade estão sobrecarregados. Sem poder sequer fazer um depósito, nós ficamos com as mãos amarradas, não podemos trabalhar e já estamos começando a contar os prejuízos – disse.

Casas lotéricas lotadas

No outro lado da rua, a fila da casa lotérica estava chegando próximo a barraquinha de caldo de cana. As pessoas demonstravam impaciência. O assistente administrativo, Marcos Antônio Silva, 28 anos, morador do Basílio, reclamou da demora para conseguir pagar as contas. “Quem não consegue pagar as suas dívidas pela internet, só pode usar o caixa rápido. Porém, o tempo de espera aumentou bastante”.

Na lotérica da Rua XV de Novembro o volume de pessoas também era bem superior ao normal. O servente Douglas Amaral, de 23 anos, morador da Praça Cruzeiro, comentou que não gosta de ir a banco, “mas quando preciso faço tudo pela lotérica”. Demonstrando conhecimento de informática, o servente disse que se o sistema está fora do ar nos caixas eletrônicos, as lotéricas também deveria enfrentar problemas semelhantes.
– Todos nós sabemos que esses sistemas são interligados. Nós somos pobres, mas não somos bobos. É estranho isso! Desde quando a greve começou o sistema está apresentando estes problemas. Sistema fora do ar é comum, mas não com essa freqüência. Tem alguma coisa errada nesta história – analisou.

Reivindicações

Alguns representantes do comando de greve, percebendo a indignação das pessoas, no Banco do Brasil, tentavam explicar o motivo da paralisação. “Sabemos da insatisfação do usuário, mas os caixas eletrônicos estão funcionando e realizando as operações. Se eles saíram do ar a culpa não é nossa. Além disso, a greve é um direito do trabalhador”.

A categoria reivindica reajuste de 11%, além da reposição das perdas acumuladas desde a implantação do Plano Real (1994), isonomia entre bancários antigos e novos, distribuição da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) dos Bancos justa e linear para todos os bancários, o fim do assédio moral nas agências, entre outros pontos.
Também entra na pauta de reivindicações a realização de concurso público para o aumento do quadro funcional dos bancos. Eles querem ainda cobertura de plano de saúde para aposentados e para quem não dispõem do benefício.

De acordo com o Sindicato dos Bancários, o setor que mais lucra no país deveria ao menos oferecer melhores condições aos seus empregados. Conforme informações divulgadas nos noticiários econômicos, os seis maiores bancos que operam no país (Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC) apresentaram nos seis primeiros meses de 2010, R$ 21,7 bilhões de lucro líquido, ganho 32% superior ao lucro do mesmo período do ano passado.

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